Autores: Izidro dos S. de Lima Jr, Thiago F. Bertoncello, Ricardo Barros, Ademar P. Serra e Jackeline M. do Nascimento*
A demanda por alimentos no mundo tem exigido da agricultura moderna uma produção elevada e crescente, pois, problemas ligados a baixa eficiência no campo, má distribuição de produtos alimentícios, deslocamento da produção para outros fins, têm colocado o mundo numa verdadeira corrida contra o tempo. Esta condição tem conduzido a atividade agropecuária à necessidade de utilização mais intensa de insumos como, pesticidas, fertilizantes e outros derivados de petróleo.
O aumento na produção mundial de alimentos que em 1970 era de aproximadamente 1,2 bilhão de toneladas de grãos e em 2007 esteve no patamar dos 2 bilhões de toneladas, foi impulsionado pelo avanço na área cultivada e principalmente pelo aumento na produtividade agronômica das culturas. No entanto, atualmente esta conjuntura global aparenta ter chegado a seu limite já que poucos países no mundo disponibilizam área para aumentar seus campos e os incrementos na produção alcançados pelo melhoramento genético tradicional de plantas e animais são menos expressivos. Hoje, o volume de alimento produzido é suficiente para saciar as mais de seis bilhões de pessoas do mundo. Mas em 2025, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), sinaliza para uma população global na ordem de oitos bilhões, aumentando a necessidade de produção de alimentos e melhora na distribuição, visto que 900 milhões de indivíduos que passam fome hoje no planeta estão à margem do acesso ao alimento.
Sendo assim, uma interrogação é inevitável: com comida em abundância, um sexto da população da Terra atualmente não tem acesso a este alimento em quantidade suficiente para suprir suas necessidades diárias, quais são as perspectivas do aumento da oferta de alimentos para um futuro próximo tendo em vista a população do planeta um terço maior?
Uma das respostas a esta questão está no controle do desperdício. Segundo a FAO, somente as perdas na produção causada por pragas, doenças e plantas daninhas chegam a 35%, e de acordo com o IBGE, apenas no Brasil, as perdas com transporte e armazenamento são da ordem de 10%. Trocando em números, isto significa que o país nesta safra teria um potencial de produzir 189 milhões de toneladas de grãos, aproximadamente 50 milhões a mais do que os 140 milhões produzidos, não fossem as pragas.
Além das perdas e do desperdício, a melhoria da renda de populações em países emergentes como China, Índia e o próprio Brasil, provocou um súbito aumento no consumo de alimentos causando uma forte redução dos estoques mundiais de grãos. Problema agravado pela destinação de 83 milhões de toneladas do milho americano para produção de etanol, estiagem na região produtora de trigo da Austrália e problemas climáticos em regiões produtoras de arroz na Ásia.
Nesse contexto o Brasil é potencialmente, o país que pode minimizar esse problema, pois, possui terras subutilizadas, como exemplo pastagens degradadas, que segundo órgãos de pesquisa chegam à casa dos 50 milhões de hectares a serem incorporadas ao sistema agrícola sem a necessidade de desmatamento. O que pode impedir o Brasil de ocupar uma condição de grande fornecedor mundial de alimentos é: a conjuntura de escassez das fontes de fertilizantes bem como o aumento da sua demanda em 31%, entre 1996 e 2008; a crise do petróleo; a dependência externa de certos insumos, cotados internacionalmente; conseqüente aumento no custo de produção, o que deixa os produtores de países com agricultura sem subsídios, como o Brasil, sem condições de efetuar muitos investimentos.
Um das maneiras de contornar esses problemas é a valorização da população rural, sendo um processo contínuo, de longo prazo e que deve ser persistente, integrando o conhecimento da ciência aos agricultores, através da difusão das tecnologias em cursos profissionalizantes oferecidas pelas instituições de ensino, como universidades. Este procedimento também aumentaria a produtividade. Pois, já é conhecido em outros setores da economia, como a indústria, que as pessoas treinadas são mais eficientes e têm melhor qualidade de vida.
* Engenheiros-agrônomos e acadêmicos do Programa de Mestrado e Doutorado em Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail: izidrojunior@gmail.com
Publicado no dia 15/05 no jornal “O Progresso”
Boa leitura!!!!!
Gostaria de deixar a análise do cientista psicosocial Norberto Keppe para que possamos conscientizar a causa destes problemas, ou seja o prazer na destruição, que é um aspeto ignorado mas presente no intimo do ser humano e por consequência na sociedade:
ResponderExcluir"o homem tem procurado conhecer a ciência com a finalidade de explorar, usando o pretexto do progresso, para esconder seu prazer de destruir. Deste modo ele se empobrece psiquicamente, não conseguindo penetrar nos segredos do universo"
" todas as pessoas que galgam uma posição de proa, só o conseguiram por serem mais sádicas"
"ou o ser humano entra em contato com a sua hipocrisia, falsidade e mentira, ou ele destrói a sociedade (e a si próprio)"
Sou membro da Associação Stop à Destruição do Mundo.
www.stop.org.br